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BI, Data Science, Inteligência de Mercado, Analista de Dados...é tudo a mesma coisa? NÃO!

  • Foto do escritor: Bernard Santos
    Bernard Santos
  • 17 de mar. de 2020
  • 7 min de leitura


Há mais de 12 anos trabalho com Inteligência de Mercado, Inteligência Competitiva e BI. Já passei por diversas empresas, em setores variados, mas uma confusão parece ser comum em todas elas: as pessoas não sabem ao certo o que os profissionais de cada uma dessas áreas de conhecimento fazem. E vou mais além, muitos dos profissionais que trabalham nessas áreas confundem seus escopos de atuação.



Para você ter ideia, a minha família até hoje acredita que eu trabalho com TI...

(o que não está completamente errado, mas falaremos disso mais à frente no texto)


Acontece que essa confusão existe, pois essas áreas tem escopos de atuação que se sobrepõe muito, além de serem disciplinas / dimensões de conhecimento recentes. Calma, não quero dizer que somente ano passado se começou a falar em Inteligência de Mercado ou Business Intelligence, por exemplo. Mas, desde antes da fundação de Roma se tem conhecimento de conceitos de Engenharia.


De volta para o futuro


Em 753 a.c., quando a cidade de Roma foi fundada às margens do rio Tibre, um cidadão que dominasse habilidades de construção era muito valorizado. Nesse mesmo ano, um cidadão que dissesse uma palavra sobre o Power BI, seria considerado um alienígena e, muito provavelmente, seria excomungado.

O que quero dizer é que as áreas de conhecimento mais tradicionais como o Direito, a Medicina, a Engenharia ou a Administração, tem a seu favor um longo tempo de difusão entre as culturas e sociedades humanas. Praticamente todos os habitantes do mundo civilizado sabem o que um advogado faz. (será?)


Por outro lado, disciplinas que foram desevolvidas em um momento mais recente da história da humanidade, como Ciência de Dados, Inteligência de Mercado e Business Intelligence, ainda tem um longo caminho a percorrer para que ganhem maior visibilidade na comunidade mundial. Isso acontece também, pois ainda são disciplinas em formação e construção, e a velocidade com que novos conteúdos e ferramentas surgem nessas áreas é imensamente maior do que a das inovações no campo da Engenharia, por exemplo. Fica difícil até para os profissionais da área acompanharem.


Mas então, qual é a diferença entre cada uma dessas nomenclaturas / áreas de conhecimento? O que fazem esses profissionais?


Em linhas gerais, há muitas sobreposições entre as áreas, como falei no início do texto. Porém, há algumas características marcantes em cada uma delas, que podem ser destacadas. Tomo aqui a licença poética de defini-las de acordo com os meus anos de experiência e toda a literatura que tenho devorado sobre esses assuntos, além de muita troca com meus alunos em sala de aula, ou com outros profissionais das referidas áreas.


Inteligência de Mercado


Mas afinal, o que é Inteligência de Mercado?


Pego emprestadas as palavras de dois grandes pensadores internacionais sobre o tema, Humbert Lesca e Ben Gilad:


“Processo coletivo, proativo e contínuo, pelo qual os membros da empresa coletam e utilizam informações pertinentes relativas ao seu ambiente e às mudanças que podem nele ocorrer, visando criar oportunidades de negócios, inovar, adaptar-se (e mesmo antecipar-se) à evolução do ambiente, evitar surpresas estratégicas desagradáveis, e reduzir riscos e incertezas em geral” Humbert Lesca
“Função organizacional responsável pela identificação precoce de riscos e oportunidades em vários mercados da organização antes que estes se tornem óbvios” Ben Gilad

Em outras palavras, fica claro aqui que Inteligência de Mercado vai além de ferramentas de BI e além de análises somente da concorrência (competitivas). Ela pode atuar como um hub de informações e estratégias, orquestrando o funcionamento de todas as outras áreas que veremos a seguir. Seu principal objetivo é GERAR VALOR para a companhia e, de acordo com diversos autores e estudiosos sobre o tema, a melhor forma de fazê-lo é traduzindo a Estratégia da empresa, em iniciativas e ações que a façam chegar cada dia mais perto de seus objetivos estratégicos.


Business Intelligence (BI)


Mas afinal, o que é Business Intelligence (BI)?


Segundo a Gartner, uma das maiores consultorias do planeta, famosa pela divulgação de seus quadrantes mágicos, que analisam, dentre outros itens, as ferramentas de BI mais utilizadas no mundo, Business Intelligence é:


Business intelligence é um termo que engloba aplicativos, infraestrutura, ferramentas e práticas recomendadas que permitem acessar e analisar informações.”

Ou seja, enquanto Inteligência de Mercado engloba processos, análise e estratégia, Business Intelligence tem o seu foco em ferramentas e práticas.

O que pude observar no Mercado é que, as vezes em que se obteve maiores e melhores resultados de ferramentas e metodologias de BI, foram aquelas em que existia uma estratégia muito bem definida por trás, com áreas de Inteligência estabelecidas e parceiras dos times de BI.


Algumas vezes até, o time de BI era parte integrante do time de Inteligência, o que facilitava ainda mais o fluxo de informações e o processo de tomada de decisões.



Inteligência Competitiva (IC)


Mas afinal, o que é Inteligência Competitiva (IC)?


Podemos entrar aqui na discussão sobre a semântica da palavra, e se ela não diria o mesmo que Inteligência de Mercado. Esse é o caminho que encontramos em parte da literatura sobre o tema, com diversos autores, inclusive, considerando-os o mesmo tópico.


Isto posto, novamente destaco aqui que desenvolvi esse artigo com base em um mixto de experiência de Mercado, com a literatura que li e a troca de informações com profissionais e alunos da área. Esse tema sempre é muito debatido e gera discordâncias.



Tomando novamente a minha licença poética, na prática, vejo a Inteligência Competitiva muito mais focada em coletar e analisar informações de concorrentes. Ou seja, considero a Inteligência de Mercado uma área de conhecimento e atuação mais abrangente.




Data Science / Ciência de Dados


Mas afinal, o que é Data Science / Ciência de Dados?


Segundo a Oracle, um dos maiores players mundiais no mercado de ferramentas e teconologias para Data Science:


“A ciência de dados é um campo interdisciplinar que utiliza métodos, processos, algoritmos e sistemas científicos para extrair valor dos dados. Os cientistas de dados combinam uma série de habilidades, incluindo estatísticas, ciência da computação e conhecimento comercial, para analisar dados coletados da web, smartphones, clientes, sensores e outras fontes.
A ciência de dados revela tendências e produz as informações que as empresas podem usar para tomar melhores decisões e criar produtos e serviços mais inovadores. Os dados são a base da inovação, mas seu valor vem dos dados de informações que os cientistas podem extrair e depois usar." Oracle



Ou seja, mais uma vez vemos um campo de conhecimento focado na captura, tratamento e análise de dados, utilizando o método científico.


Big Data


Mas afinal, o que é Big Data?


Segundo a Oracle e a consultoria Gartner:


"Big Data são dados com maior variedade que chegam em volumes crescentes e com velocidade cada vez maior.


Simplificando, Big Data é um conjunto de dados maior e mais complexo, especialmente de novas fontes de dados. Esses conjuntos de dados são tão volumosos que o software tradicional de processamento de dados simplesmente não consegue gerenciá-los. No entanto, esses grandes volumes de dados podem ser usados para resolver problemas de negócios que você não conseguiria resolver antes.


Os Vs do Big Data

Volume: A quantidade de dados importa. Com o Big Data, você terá que processar grandes volumes de dados não estruturados de baixa densidade. Podem ser dados de valor desconhecido, como feeds de dados do Twitter, fluxos de cliques em uma página da web ou em um aplicativo para dispositivos móveis, ou ainda um equipamento habilitado para sensores. Para algumas empresas, isso pode utilizar dezenas de terabytes de dados. Para outras, podem ser centenas de petabytes.


Velocidade: Velocidade é a taxa mais rápida na qual os dados são recebidos e talvez administrados. Normalmente, a velocidade mais alta dos dados é transmitida diretamente para a memória, em vez de ser gravada no disco. Alguns produtos inteligentes habilitados para internet operam em tempo real ou quase em tempo real e exigem avaliação e ação em tempo real.


Variedade: Variedade refere-se aos vários tipos de dados disponíveis. Tipos de dados tradicionais foram estruturados e se adequam perfeitamente a um banco de dados relacional. Com o aumento de Big Data, os dados vêm em novos tipos de dados não estruturados. Tipos de dados não estruturados e semiestruturados, como texto, áudio e vídeo, exigem um pré-processamento adicional para obter significado e dar suporte a metadados.

Veracidade: Um dos pontos mais importantes de qualquer informação é que ela seja verdadeira. Com o Big Data não é possível controlar cada hashtag do Twitter ou notícia falsa na internet, mas com análises e estatísticas de grandes volumes de dados é possível compensar as informações incorretas.


Valor: O último V é o que torna Big Data relevante: tudo bem ter acesso a uma quantidade massiva de informação a cada segundo, mas isso não adianta nada se não puder gerar valor. É importante que empresas entrem no negócio do Big Data, mas é sempre importante lembrar dos custos e benefícios e tentar agregar valor ao que se está fazendo.




Qual é a diferença entre Analista de Inteligência de Mercado e Analista de Dados?


Em teoria, o profissional de Análise de Dados possui um escopo de atuação muito mais ligado à captura, tratamento e análise de dados, utilizando ferramentas e metodologias específicas, muitas delas inseridas no universo do Big Data e com forte exigência de conhecimentos em Ciência da Computação e disciplinas relacionadas a Exatas (Estatística, Matemática, etc).


Já o profissional de Inteligência de Mercado, trabalha uma visão mais abrangente do ambiente interno e externo da companhia, buscando identificar oportunidades e ameaças estratégicas à geração de valor do modelo de negócios da empresa. Em seu trabalho, ele pode se utilizar de ferramentas, metodologias e abordagens de todas essas outras áreas de conhecimento.


Na realidade de mercado, porém, o que se exige cada dia mais é que o profissional seja um híbrido dessas duas espécies, dominando tanto as ferramentas e metodologias de Data Science, Big Data e Data Analytics, quanto de Inteligência de Mercado, tornando-se uma peça extremamente estratégica para a empresa.




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Bernard Santos é Especialista em Inteligência de Mercado, graduado em Marketing pela ESPM, pós graduado em Inteligência de Mercado pelo Ibramerc-SP e pós graduado em Gestão Empresarial pela FGV, CEO e fundador da Academia de Mercado. É professor de Inteligência de Mercado, BI e Empreendedorismo em MBAs e palestrante convidado em diversas universidades e empresas.

Empreende com a Academia de Mercado desde 2019, onde ministra treinamentos in companycursos online, dá palestras e produz conteúdo sobre Inteligência de Mercado, Business Intelligence (BI), Data Analytics, Pesquisa e Marketing.

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